Todas as pessoas próximas a mim, já receberam pelo menos uma vez, essa figurinha aí, ao tentar confirmar algum agendamento comigo...
Quando escolhemos trabalhar com partos (seja na assistência - doulas, obstetrizes, enfermeiras obstétricas, obstetras, neonatologistas - ou como guardiã de memórias), escolhemos todo o pacote que vem junto.
Nesse pacote, recebemos o bônus maravilhoso de presenciar o momento em que o milagre da vida acontece... O ambiente de parto é inexplicável, só vivendo para entender... Testemunhamos a entrega da família ao processo, a potência feminina em todo seu esplendor, os sorrisos, a emoção do encontro.
Mas, no mesmo pacote, vem também o ônus (mas também a delícia) de lidarmos com o imprevisível.
"Ah, mas toda gestante tem a sua DPP" - sim! É a data PROVÁVEL do parto, e não a data CONFIRMADA do parto (mesmo que agende cesárea).
Bebê não tem relógio e nem calendário.
O que sabemos, é que a maioria dos bebês chegará entre as 37 e as 42 semanas.
Mas, durante essas 05 semanas mais prováveis, nossa vida tem que continuar! Claro, sempre com o celular carregado e jamais no silencioso, câmeras sempre a postos, sono em dia (quando dá kkk), rede de apoio em alerta.
Vamos vivendo a vida. Passamos nas consultas que precisamos, vamos ao dentista, saímos para espairecer, vamos aos compromissos religiosos, fazemos outros trabalhos (no meu caso, ensaios fotográficos e outros partos)...
Marcamos compromissos, mas quase sempre, sem a certeza da nossa presença.
De repente, o telefone toca... e lá vai o profissional de parto...
Ficam para trás o feijão que estava sendo cozido, a unha feita pela metade, o sono cortado, a festa de aniversário de alguém próximo.
É claro todo profissional de parto conta com parceiras backup, para compromissos inadiáveis, na qual sua presença é insubstituível.
Mas, sempre que possível, queremos estar lá, disponível para quem nos escolheu para um momento único.
O mais engraçado disso tudo, é que quando eu era criança, e via cenas de novela em que o telefone do médico tocava no meio da noite e ele tinha que sair correndo, eu pensava: "não sei o que quero ser quando crescer, mas com certeza, não quero ser médica"kkkk
Realmente não tenho talento nenhum para médica, mas a vida me presenteou com um trabalho imprevisível, e que me ensina tanto.... Mas isso é assunto para um outro dia...
As renúncias são muitas, mas o propósito é muito maior❤️